sábado, 13 de março de 2010

Chapeuzinho Vermelho era feliz e não sabia

"Pela estrada afora, eu vou bem sozinha...". Já foi o tempo, Chapeuzinho, já foi o tempo!

Todo dia, saindo de casa pra ir a faculdade, me deparo com o engarrafamento típico das 18h30. Esse engarrafamento é exatamente na saída da minha quadra e pra conseguir sair da quadra são quase uns 10 minutos todos os dias. Tem um balão (ou rotatória, ou até mesmo rótula, como dizem na Bahia) e os carros que vem de cima tem preferência. Depois deles, são os do meu lado esquerdo. E só depois, venho eu. Como por todos os lados tem carro que não acaba mais, nunca consigo entra na fila - ou sair da quadra.

O detalhe é que muitos deles não estão querendo ir pra onde eu vou, mas mesmo assim não cedem a vez. Como os meus queridos companheiros de rua não me deixam passar, sou obrigada a forçar minha passagem, enfiar o carro no meio da rua e torcer pra que o freio do colega seja bom. Provavelmente, o colega fica irritado de eu ter entrado dessa forma na frente dele (ou não, talvez ele ache normal).

Depois que eu passei, entrei na fila, quase tranquila - só com um pingo de irritação fazendo meu coração bater um pouquinho mais acelerado - lá fico e sigo até a primeira tesourinha pro eixinho de baixo (ou L), sentido sul. Mas nessa de seguir a fila, aparecem os colegas que não somente entraram na frente dos outros, como formaram um outra fila na direita, onde, diga-se de passagem, não cabia outra fila. Como eles não conseguem ir muito adiante, eles começam a entrar na minha fila, e cada um deles que entra, somarão uns 2 minutos a mais que alguém lá atras na fila certa irá ficar preso no engarrafamento.

Quando eu estou quase chegando na minha subida à direita, vejo meus companheiros que vem do eixinho descendo pra entrar na minha fila e subir para as 100 e 300. Costumo sempre deixar um deles entrar, pois imagino que desse jeito todo mundo anda. Mas tem uns colegas que grudam no rabo do outro carro só pra não deixar os outros entrarem (como os companheiros do balão). Finalmente, pego à direita, subo pro eixinho e é trânsito livre até quase o Conjunto Nacional.

Mais lá na frente, mais uns dois engarrafamentos em alguns sinais que tem de abrir e fechar umas 3 vezes pra eu conseguir passar, mas nada muito grave. Chegando na faculdade, não existe estacionamento! Não existe! Simples assim. Tem muito mais carro do que espaço nas ruas. Nem mesmo com vagas inventadas e carros e mais carros estacionados em lugares proibidos há vaga pra todo mundo. Apelemos, pois, para as vagas alternativas às vagas alternativas: estacionar atrás de outro carro e deixar o carro solto. Essa prática já é tão institucionalizada, que o guardador de carros conhece todo mundo que estaciona lá e tem o número do celular dessas pessoas (inclusive o meu), pois caso a pessoa esqueça o carro sem estar solto, ele liga e pede pra ir tirar, pra pessoa não levar multa.

Todo dia, ou melhor, toda noite, minha ida à universidade é um teste a minha paciência (tão curta, a bichinha).

O trânsito me irrita.
Falta de cordialidade e gentileza no trânsito me irrita mais ainda.
Falta de opções decentes de transporte público coletivo me irrita muito mais.

Um comentário:

. disse...

Cara, a falta de cordialidade e gentileza me irritam muito mais (assim como a falta de transporte público - como é bom não ter carro e usar minhas pernas, esse meio de transporte tão antiquado)!

Um dia desses (aliás, há mais de dois anos, quando eu ainda dirigia) uma mulher brigou comigo - mesmo esquema, duas pistas vindo de lugares diferentes tinham que fundir. Ela não me deixou entrar de jeito nenhum, aí quando eu meti o carro na frente ela começou a berrar desesperadamente pra mim. Eu fiquei tão, tão puta com a falta de cordialidade, mais ainda de senso de coletividade, que abri o vidro e, para irritar, só gritei "tamo junta nessa, moça".

Hoje isso virou jargão na minha família - "tamo junto nessa, Ju".