quarta-feira, 7 de abril de 2010

too cool

Não sei quem inventou que é mais importante ter do que ser, mas pior do que isso é quem acreditou.

(Não estou falando do carro do ano, da roupa da moda, de fama ou dinheiro).

Não fui àquele lugar. Não vi aquele filme. Não conheço aquela banda. Não li aquele poeta.

Não tenho esse conhecimento. Mas tenho tantos outros...! E, além disso, eu tenho vontades, gostos, sentimentos. Você tem?

[E eu julgo também, mas eu julgo bem julgado! Humpf!]

Muita pose + pouco sentimento = eu irritada.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Folha em branco

Quando eu tinha lá pelos meus 15 anos, era feliz dormindo. Tinha uma frase que sempre dizia pra minha mãe: "Queria dormir pra sempre!". Diante da cara de espanto da minha mãe, do pedido dela para que eu não repetisse aquilo e da explicação sobre como o "dormir pra sempre" era o mesmo que morrer, mudava de idéia e dizia que queria dormir por alguns meses, ou anos, e depois acordar e viver.

Hoje, ainda gosto de dormir, mas às vezes preferiria não ter de dormir na vida. Fico imaginando o quão melhor seria minha vida se não tivesse necessidade dormir, quantas coisas legais eu teria tempo pra fazer. E não só isso, não teria uma outra agonia que me acompanha desde lá, desde os meus 15 anos: a agonia do inesperado do dia seguinte.

O dia seguinte sempre foi, pra mim, uma folha em branco e folhas em branco às vezes me assustam. E agora, o que fazer com essa folha em branco? Encaro, desenho, rabisco, pinto... Mas não tem como apagar, não dá pra voltar e consertar. É do jeito que é e já era!

Gosto de dormir de tarde, pois quando acordo ainda é hoje e o hoje eu já conheço, conheço os traços, desenhos e rabiscos. O hoje tá sob controle. Resisto ao sono da noite. Tenho medo da folha em branco, medo do amanhã, onde tudo pode acontecer.

Ter de deitar e dormir me irrita um pouco.
Ter de lidar com a "vida inédita pela frente e a virgindade dos dias que virão", me amedronta.